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    Cada um com a sua

    Cada um com a sua

    Perigos para a saúde bucal quando a escova de dente é de “uso coletivo”

    Por Lisany Contrera, Revista Vida e Saúde


    Você é “limpinho”? É claro que a resposta é não. Vou explicar: a boca mais limpinha tem centenas de micro-organismos, em seus vários tipos, que certamente são diferentes dos que vivem na sua boca. Vírus, fungos e bactérias patogênicas ou não, podem ser facilmente levados de uma boca para outra não só pela escova de dentes, mas também por outras formas. “Me dá uma mordidinha do seu lanche?”. Ensine seus filhos a responder generosamente: “Vou cortar um pedaço para você”. O raciocínio é o mesmo. A “bicharada” na saliva do amiguinho ou mesmo na do seu filho pode não ser das “melhores”.

    Isso não é um exagero? Hepatite, mononucleose, caxumba, candidíase (sapinho), herpes simples, sarampo, catapora, gripe e sífilis, só para falar de algumas, são doenças facilmente transmitidas pela saliva. Sabemos também que o sangue é veículo de transmissão para muitas doenças altamente prejudiciais ao nosso organismo. Em uma leve gengivite, por exemplo, o índice de dentes que podem apresentar sangramento pode passar dos 80%. Atualmente, com o tipo de alimento ingerido pela maioria da população, ter gengivite é comum, e aí, em contato com sangue, outras doenças piores podem vir.

    Na escola ou na creche, quando pensamos na relação somente entre crianças, os problemas já são reais. O jogo fica ainda mais desigual quando pensamos no contato das crianças com adultos. Todos os agentes causadores de doenças sexualmente transmissíveis podem estar presentes na boca de um adulto. Por isso, muito cuidado com beijos na boca!

    Conheço a história de uma menininha que, nos tempos em que só os adultos tinham escovas de dente, ela, por achar bonito os pais escovando os dentes, pegou a escova do pai para experimentar. A transmissão de bactérias foi inevitável. Depois disso, ela contraiu periodontite e teve que conviver com a doença durante muitos anos. Tratava-se da mesma doença gengival que seu pai tinha, e fazia com que seus dentes ficassem amolecidos.

    Talvez você não saiba, mas a cárie também é considerada uma doença contagiosa. E, muitas vezes, o primeiro contato da criança com as bactérias causadoras dessa doença é na primeira infância. As mães que têm cáries (podem estar escondidas) e experimentam a comida das crianças com a mesma colher, ou colocam na boca a chupeta ou mamadeira delas, podem contribuir para a transmissão da doença. Veja como uma consulta pré-natal ao dentista também é importante para as futuras mamães!

    A cada seis meses, é recomendável levar toda a família ao dentista para uma consulta preventiva. Assim, se alguém da família estiver usando por engano a mesma escova, a boca estará mais bem cuidada. Afinal, a família que, unida, cuida da boca, permanece unida e com saúde!

    Dicas importantes

    • Mantenha as escovas de dente dos adultos longe do alcance das crianças;
    • Use escovas de modelos e cores diferentes para cada membro da família;
    • Para cada escova, use protetor de cerdas (pelo ou fibra natural ou sintética de escova);
    • Higienize, uma vez por semana, as cerdas das escovas com uma solução de Gluconato de clorexidina a 0,12% (Periogard. Comprada em farmácias. Pode ser colocada com um borrifador ou mergulhada a cabeça da escova);
    • Troque as escovas no máximo a cada dois meses, principalmente se, durante esse período, tiver alguma doença contagiosa;
    • Em linguagem simples, ensine às crianças sobre a necessidade de cada pessoa ter seu próprio material de higiene;
    • Adultos e crianças não devem se beijar na boca.

    LISANY MANFRIM CONTRERA é cirurgiã-dentista



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