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    Vamos pedalar!

    Vamos pedalar!

    Usada inicialmente como meio de transporte, a bicicleta se tornou muito mais do que isso: transformou-se em sinônimo de saúde e bem-estar

    Por Juliana de Lima e Matheus Köhler, Portal Revista Vida e Saúde


    Desde pequeno sempre gostei de andar de bike [Matheus]. A sensação de velocidade com o vento batendo no rosto é algo que toda criança ama. À medida que ia crescendo, a bicicleta passou a ocupar diferentes papéis na minha vida. Já foi usada como meio de transporte, como fonte de lazer e até como companheira de grandes aventuras.

    Quando completei 14 anos, ganhei de presente de aniversário minha primeira bicicleta “de gente grande”. Era vermelha, daquelas com aro 29, ótima para fazer trilha – o que havia se tornado minha paixão na época. Desde aquele dia, ela tem sempre me acompanhado nas voltas ao ar livre.

    Assim como eu, muitas pessoas têm encontrado nas bikes uma alternativa para o dia a dia, seja para ir ao trabalho ou passear. O fato é que a venda de bicicletas tem aumentado muito nos últimos anos.

    Segundo dados da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike), em uma pesquisa realizada com mais de 40 empresas, percebeu-se que no período de setembro a outubro de 2020 essas empresas tiveram um aumento de 64% nas vendas de bicicletas, comparado ao mesmo período de 2019. E esse crescimento vem sendo constante – de maio a junho, o aumento foi de 50%; em julho foi de 114%; e em agosto, 93%.

    No entanto, com a chegada da covid-19 e o crescimento da demanda, a produção de bicicletas no Brasil teve uma queda de 36,8% em 2020, segundo o site MTB Brasília. Por isso, muitos brasileiros tiveram dificuldade para encontrar bicicletas para comprar.

    Na avaliação de Cyro Gazola, vice-presidente do segmento de bicicletas da Abraciclo, o principal problema enfrentado pelos fabricantes no momento é a falta de matéria-prima. “Com a pandemia da covid-19, estamos vivendo um boom de vendas, já que o uso da bike é um modo de evitar aglomerações, comuns no transporte público. Nesse cenário, mesmo trabalhando acima de sua capacidade, os fabricantes globais de peças não têm condições de atender à demanda dos fabricantes brasileiros e de outros países”, esclarece Gazola.

    Inúmeros fatores explicam o porquê da explosão da demanda por bicicletas. Além do objetivo de fugir do transporte coletivo, o fechamento das academias, piscinas e a pausa na prática de esportes coletivos também contribuíram para o aumento da procura pelas bikes. Assim, recorre-se a esportes que naturalmente distanciam a pessoa das demais, como corrida e ciclismo. Além do simples fato de que as pessoas estão com mais tempo.

    Incentivado pela esposa durante a pandemia, o empresário João Bosco Torres investiu cerca de três mil reais para poder dar início à prática do ciclismo, mas confessa que acabou gastando ainda mais com a compra de acessórios. “Fiquei esperando uns dois meses na fila para conseguir comprar a bicicleta. Com todo mundo ‘preso’ nesta pandemia, você pega a bicicleta, vai para a natureza, e parece que está viajando. No início não me animei muito, mas agora estou gostando demais”, garante ele.

    Além disso, toda essa procura e compra de bikes têm incentivado a prática de atividade física para muitas pessoas que até então não tinham esse hábito. E já está comprovado que devemos cuidar do corpo e da mente para ter saúde e qualidade de vida. Segundo a fisioterapeuta Juliana Gouveia, “pedalar é uma atividade física completa que trabalha a capacidade aeróbica, oxigenando melhor todas as células do corpo, aumentando, assim, a resistência do sistema imunológico. Quem pratica esse esporte consegue manter boa saúde”.

    A prática do ciclismo acaba trazendo muitos outros benefícios para o corpo humano, muitas vezes até imperceptíveis. Ao sair para andar de bike, recebemos o benefício da luz solar e também o da água, afinal, precisamos dela para continuar pedalando. Além disso, essa prática tem incentivado as pessoas a frequentar mais trilhas, parques e outros ambientes saudáveis, que ajudam a reduzir o contato constante com a poluição das grandes cidades.

    Muitas vezes pensamos que praticar exercício físico seja maçante e cansativo. Entretanto, a bicicleta pode mudar essa realidade completamente, transformando um passeio comum ou uma simples viagem até o trabalho em um momento para também fazer exercício.

    Pode sentar de qualquer jeito?

    Outro ponto muito importante é a postura ao pedalar. Assim como as medidas da bike devem ser levadas em conta, existe uma postura correta para pedalar. Tanto faz se você irá pedalar trinta minutos ou duas horas; se estiver com a postura errada, em vez de trazer benefícios para o corpo, você só vai conseguir mais dores e o desempenho não será muito bom.

    1 – Essencialmente, para ter uma boa postura é necessário manter a coluna reta e o mais relaxada possível. Ela não deve estar curvada, pois causará fortes dores na região lombar.

    2 – Os braços devem manter uma semiflexão, para evitar sobrecarga nos cotovelos e nos ombros.

    3 – O selim deve estar na mesma altura do osso da espinha ilíaca (osso do quadril cujas “pontas” podem ser sentidas nas laterais, logo abaixo da cintura); o banco praticamente deve estar na altura da cintura. Além dessa técnica, existem várias outras para ajustar a altura do banco. Um método bem conhecido e avançado é o “bike fit”, quando uma pessoa especializada com equipamentos realiza uma adaptação completa da bike de acordo com as suas medidas.

    4 – Ao pedalar, as pernas não devem ficar muito esticadas nem muito flexionadas.

    5 – Você deve olhar para a frente e manter o peito para baixo.

    6 – Mesmo tendo uma boa bike e mantendo uma postura correta, você também pode ter algumas lesões. Então, fique atento a estas partes do corpo ao pedalar: coluna cervical, lombar, joelhos, ombros e punhos. Essas são as regiões que correm maior risco de sofrer lesões. A postura errada resulta em tensão muscular, o que pode resultar em dores na cervical e na lombar. Lesões nos ombros, como tendinites ou bursites, síndrome do túnel do carpo e síndrome do canal de Guyong ocorrem devido ao tempo excessivo das mãos no guidão da bike. Porém, essas lesões podem ser evitadas se você fizer fortalecimento muscular associado ao pedal.

    7 – Durante a pedalada, se a perna realizar muita flexão, irá sobrecarregar a patela; se realizar muita extensão, irá sobrecarregar atrás do joelho e os músculos posteriores; se movimentar os joelhos para dentro ou para fora, irá sobrecarregar as laterais.

    Pedal em grupo

    Hoje existem diversos grupos de pedal, tanto para iniciantes quanto para os mais avançados. Normalmente, são divididos por cidades, modalidade de ciclismo e níveis de intensidade. Você pode encontrar esses grupos de ciclismo nas redes sociais, em blogs e sites específicos.

    Como atualmente vivemos um período de “novo normal”, estamos passando por diversas adaptações nos esportes. Ainda assim, o ciclismo é uma ótima atividade para realizar neste período de pandemia, pois você pode pedalar ao ar livre, respirando ar puro, e manter o distanciamento social ao mesmo tempo. Mesmo que esteja pedalando em dupla ou em grupo, você nunca estará muito perto da outra pessoa.

    Assim você vai se exercitar, ganhar novos amigos e ter uma vida mais saudável ao mesmo tempo. Um exemplo é o grupo SevenBikers; ele tem representação em várias cidades do Brasil. Acesse o site e conheça mais: www.sevenbikers.com.br.

    Atualmente, existem também diversos aplicativos que podem ajudar na pedalada; por exemplo, o Strava, o Bike Computer e o Relive, entre outros. Celulares, relógios digitais e a tecnologia estão disponíveis para nos ajudar e nos motivar.

    Você não precisa começar com longos trajetos. Se treinar poucas vezes por semana o corpo já vai sentir o resultado. Pode ser na sua rua, em trilhas ou na estrada. Para isso, basta começar! Lembre-se: a bicicleta só anda se você pedalar!

    Matéria original: https://www.revistavidaesaude.com.br/destaque/vamos-pedalar/

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